Força dada ao PCP, é força<br>de quem a dá
Mais emprego, melhores salários, para uma vida melhor, dá mais força ao PCP: estas frases, inscritas no pano de abertura foram, entre outras, as palavras de ordem ditas por mais de 500 militantes e amigos do Partido, vereadores e eleitos locais da CDU, Bernardino Soares e Jerónimo de Sousa, que participaram na acção de rua realizada no passado sábado em Sacavém.
É preciso ir mais longe na reposição e conquista de direitos
Iniciada bem perto da Biblioteca Ary dos Santos – obra de sucesso certificadora do trabalho da câmara CDU –, a acção de rua percorreu ruas bem conhecidas das populações de Sacavém e das freguesias limítrofes pois, até à década de 80, eram diariamente percorridas por um mar de operários, após soarem as sereias. As desastrosas políticas exercidas por sucessivos governos de má memória e o encerramento da quase totalidade das fábricas da zona oriental do concelho de Loures arruinaram as famílias e o País, arrastando pequenos e médios comerciantes e empresários.
Valiosa jornada de luta e de afirmação pública do Partido na justa luta pela concretização das conquistas de Abril. Quem circulava na rua não pôde ficar indiferente, quem estava em casa veio à janela e à varanda e até os comerciantes e clientes vieram para as portas, confirmando esta grandiosa acção integrada no vasto calendário que, desde final de Setembro, percorre o País, levando as populações e os trabalhadores a mobilizarem-se, com o PCP, em defesa do «Emprego, Direitos, Produção, Soberania», sempre encoberta pelos mandadores da informação.
Quando a acçao de rua chegou ao Largo escolhido para o comício, a mancha dos manifestantes empunhando bandeiras e cartazes tornou mais visível esta «grande iniciativa política de demonstração da força que o PCP tem na cidade de Sacavém e no concelho de Loures», como referiu Anabela Pacheco, eleita na Assembleia de Freguesia de Sacavém, na abertura das intervenções.
Bernardino Soares, presidente da Câmara Municipal de Loures, afirmou a acção de rua como um «importantíssimo contributo para o reforço da nossa luta, do PCP e da sua intervenção junto das populações e dos trabalhadores», recordando «as lutas recentes contra o encerramento da Triumph. Estivemos sempre ao lado dos trabalhadores nas marchas em defesa de mais esta empresa que esteve à beira de fechar. É graças à luta dos seus trabalhadores, da população de Sacavém e do PCP que a Triumph está a funcionar, mantendo os postos de trabalho e gerando riqueza para o nosso País.»
Ruptura é necessária
O Secretário-geral, Jerónimo de Sousa, lembrou que «estamos num largo histórico, onde foram realizadas tantas lutas antifascistas, tantas batalhas importantes. Nesse tempo difícil, lutar era crime. Quem lutava podia ser preso, torturado e até morrer», recordou, saudando a «contribuição inestimável» desses lutadores para «estarmos numa situação diferente».
Assinalando a «grande unidade e coesão do XX Congresso do Partido», cujos trabalhos «não ficaram limitados à análise sobre a situação nacional e internacional, ampliando-a à discussão e afirmação desta nova fase em que vivemos, considerando-a justa e necessária pela contribuição dada pelo Partido para que o nosso País pudesse andar para a frente», o dirigente comunista reafirmou as consequências das «propostas do PCP na política nacional, com o afastamento do PSD e do CDS-PP, como a reposição de direitos e conquistas das populações e dos trabalhadores e o fim dos cortes nos salários e nas pensões». Mas, acrescentou, também na educação e na saúde são as propostas do PCP que «permitiram que as crianças do 1.º ciclo tenham os manuais escolares gratuitos e que as taxas moderadoras tenham baixado».
Apesar destas reposições e conquistas de direitos, «descongelando o que durante anos esteve congelado, é preciso que não fiquemos por aqui, é necessário andarmos para a frente», dando resposta aos graves problemas nacionais. Para afirmar Portugal como um País soberano, o Secretário-geral do Partido apontou à concretização de uma política patriótica e de esquerda, que aumente a riqueza e a produção e crie postos de trabalho. Para tal, concluiu, é necessária a «libertação do nosso País da moeda única e romper com os constrangimentos que nos são impostos pela União Europeia e com a dependência do capital monopolista».
Demonstração de vitalidade
Fazendo eco de uma pergunta recorrente – «que força terá o PCP para concretizar esta política alternativa?» –, Jerónimo de Sousa lembrou o apelo do XX Congresso, também afirmado nas acções de rua, de valorização da sua proposta: «quanto mais longe teríamos ido se o PCP tivesse mais força», questionou, acrescentando que a «força dada ao Partido é força de quem a dá».
Se é certo que a luta está «muito difícil», não é menos verdade, afirmou, que «não há obstáculos intransponíveis quando se acredita neste PCP» e na sua luta por uma vida melhor. Finalizando a sua intervenção, Jerónimo de Sousa referiu-se à rua como o «melhor sítio para demonstrarmos a nossa vitalidade» e às muitas lutas esperadas, das quais destacou o 1.º de Maio e a «batalha das eleições autárquicas».
Esclarecer e mobilizar:
tarefa diária e de todos
Também os gestos de amizade levaram a arruada a bom porto, valorizando, nesta manhã de sábado, a necessidade de dar mais força ao PCP. Ao longo do percurso, foram recebidos agradecimentos pela luta contínua do Partido, trocaram-se cumprimentos com os vizinhos e os comerciantes e acenos de mão, da rua para as janelas, das varandas para a rua e nos passeios.
«Está aqui, vizinho?» – perguntam de uma esplanada, enquanto a acção de rua está parada para Jerónimo de Sousa responder a questões colocadas pelos órgãos de comunicação social. Ainda o abraço segue desenhado no ar e já a resposta fez levantar o vizinho: «Eu estou. E o vizinho também está. Venha daí que, com o PCP, na luta por uma vida melhor, contamos todos. Escreve aí no Avante!, camarada: ganhámos mais um amigo.»
Pedido aceite, registo feito.
Males que vêm por bem
O aumento do salário mínimo e a decisão do PS de o «compensar» com a baixa da TSU para as empresas esteve em realce na intervenção de Jerónimo de Sousa, que realçou que «quanto mais as pessoas ganharem mais se viram para o mercado interno». Assim, o aumento do salário mínimo para 600 euros «é preciso e é urgente». No caso das reformas, acrescentou, elas são baixas «porque os salários sempre foram baixos», sendo, portanto, «preciso ir mais longe»: 557 euros de salário mínimo é insuficiente.
No caso da redução da TSU, denunciou o Secretário-geral, o Governo do PS «cedeu aos interesses e aos privilégios» ao propor que o Estado pague o aumento do salário mínimo nacional. Lembrando que quem decide do aumento do salário mínimo é o Governo e não a concertação social, Jerónimo de Sousa rejeitou que aquele seja usado como «moeda de troca para dar benesses» ao patronato.
Quanto à contradição do PSD sobre a descida da TSU, o dirigente comunista acusou esse partido de continuar a «querer fazer ajustes de contas com a situação política encontrada». Contudo, neste caso, «há males que vêm por bem» e o voto contra do PSD acabaria por beneficiar os trabalhadores e a economia nacional.